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21 de novembro de 2024 03:24

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Endometriose: cada vez mais recorrente nos consultórios médicos

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Julio Cesar Alves
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Foto: Jornal de Beltrão

Nos consultórios de médicos ginecologistas até alguns anos atrás eram comuns pacientes que buscavam orientações sobre reprodução, gestação, exames de ultrassom do bebê ou do aparelho reprodutivo e tratamentos de infecções urinárias. Como as mulheres estão postergando a gravidez ou decidindo não ter filhos, um outro problema vem aparecendo com frequência e precisa de exame, diagnóstico e tratamento ou procedimento cirúrgico cada vez mais especializados. É a endometriose.

O médico ginecologista e especialista em reprodução humana Marcelo Righi, da Clínica Righi (Ferticlin), relata: “Como a nossa clínica é referência para mulheres que têm endometriose e mulheres que têm dificuldade para engravidar, nossa casuística é bastante grande. Como nós somos referência, as pacientes que suspeitam do problema ou já têm um diagnóstico acabam nos procurando. Das nossas pacientes, por exemplo, que têm infertilidade, nós temos dentro desse grupo uns 40% com endometriose”.

O tratamento da endometriose vai depender da intensidade dos sintomas e da gravidade da doença. “Toda vez que a paciente chega em nossa clínica com uma suspeita ou um diagnóstico de endometriose, é fundamental que primeiro seja feito um mapeamento dessa doença, para saber a gravidade, a extensão e o quanto ela está acometendo a fertilidade ou a qualidade de vida dessa paciente. Os tratamentos são direcionados para o problema principal da paciente, se tem só dor ou se ela tem infertilidade. Se a paciente tem infertilidade, os tratamentos se baseiam na remoção da endometriose pela cirurgia ou através de algum tratamento de reprodução assistida”, explica o especialista.

Queixas da mulher
Quando a principal queixa da mulher é a dor afetando a qualidade de vida, o profissional pode pensar em tratamentos clínicos como uma alternativa, fazendo com que a paciente não menstrue. “A partir do momento que a paciente não menstrua, não sangra, os focos de endometriose também não sangram e, nesse caso, melhora bastante da dor. Importante salientar que o tratamento clínico não elimina a doença. Para a remoção da Endometriose, a cirurgia é a opção de tratamento”, argumenta dr. Marcelo.

Dr. Marcelo atua em Francisco Beltrão há 21 anos. Nestes anos de trabalho em sua clínica, ele tem observado um crescimento de pacientes diagnosticadas com endometriose. “Sempre existiu aquela crença de que ter muita cólica menstrual, ter dor era algo comum para as mulheres e que elas tinham que aguentar, e, quando tivesse o filho ou quando ela casasse, passaria. Hoje nós sabemos que isso não é uma verdade absoluta. As mulheres podem ter sim cólicas menstruais, mas aquela cólica que é exacerbada e que interfere na qualidade de vida dela não é normal. A mulher não tem que sofrer por menstruar.”

Pelo maior número de diagnósticos positivos para este problemas, maior o número de tratamentos cirúrgicos. “Nós estamos vindo numa crescente de pacientes, não só diagnosticadas, como tratadas com cirurgia nesses anos todos que estamos atendendo aqui em Francisco Beltrão”, esclarece o profissional.

O que é o endométrio
As pessoas buscam informações dos motivos para o aparecimento deste problema. Dr. Marcelo explica que “o endométrio é uma camada de células que recobre internamente o útero e é responsável pela implantação do embrião humano, por isso o endométrio tem uma característica muito particular, que é a capacidade de se descamar no período menstrual e se regenerar durante o resto do ciclo. Como ocorre a Endometriose? Toda vez que a mulher menstrua, uma parte dessas células do endométrio, desse sangue menstrual, reflui pelas trompas e cai dentro da barriga, isso acontece com a grande maioria das mulheres. Entretanto, por algum motivo ainda não bem conhecido algumas desenvolvem a endometriose”.

O especialista acrescenta que essa situação “ocorre numa parte das mulheres, por motivos que nós ainda não conseguimos explicar completamente. Essas células que caem dentro da barriga acabam se grudando nos tecidos que ficam dentro do abdômen, então elas se grudam em cima do útero, podem se grudar por cima do ovário, podem grudar nas trompas, no intestino, e acabam fazendo uma proliferação celular do mesmo jeito que acontece dentro do endométrio, iniciando de fato a endometriose. Só que como essas células, esses focos de tecido de endométrio, ali na pelve, não pertencem a essa região, o corpo desencadeia um processo inflamatório importante para se defender desta agressão e tentar, entre aspas, destruir essas células que estão anormais nessa região. Todo esse processo é que causa dor e a infertilidade, podendo levar a muitas aderências entre os órgãos (quando um órgão começa a grudar no outro), isto é a endometriose”.

Formas de controlar
Como a causa específica da doença ainda não é completamente conhecida, não há formas de prevenção para evitar o aparecimento deste problema. “Existem, na verdade, formas de como controlar a doença e existem formas de fazer o diagnóstico bem precoce. Nós acreditamos que a maior prevenção seria o diagnóstico precoce com a prevenção das complicações da endometriose. Saber reconhecer cedo os sintomas, identificar as pacientes que possivelmente tenham endometriose e já iniciar precocemente algum tratamento para controlar essa doença. A grosso modo, poderíamos dizer que, se a mulher não menstrua, ela tem menor risco de desenvolver endometriose. Por isso é fundamental fazer avaliação com um profissional especializado nesta área. É comum pacientes que demoram anos para ter o diagnóstico e isso significa anos de sofrimento, com dor e dificuldades para engravidar”.

Fonte: Flavio Pedron/Jornal de Beltrão

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