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22 de dezembro de 2024 12:26

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Mais de 700 toneladas de peixes mortos foram retiradas do rio Iguaçu

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Julio Cesar Alves

Recentemente muitos episódios de mortandade de peixes estão chocando a população ribeirinha aos lagos do Iguaçu e impactando severamente o fomento da produção de peixes comerciais. Na busca por diagnósticos e medidas de prevenção, conversamos com especialistas em meio ambiente e autoridades sobre quais fatores combinados podem resultar o impacto agudo de peixes morrendo no rio Iguaçu. Segundo especialistas da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), a provável causa é embolia gasosa, que é a supersaturação de oxigênio na água. A abertura das comportas de usinas, devido ao grande volume de água de chuvas e o acúmulo de gases alterando a saturação e o PH das águas tem uma forte influência neste cenário.

Há cerca de dois anos, foi inaugurada no lago em São Jorge D’Oeste a Alpha Fish, primeira fazenda de tilápias da região, que tem projeto para se tornar uma das principais produtoras de tilápias do país, com projeções para exportações. Porém, em tempo de começar a se destacar nesse cenário, a empresa passa pelo segundo ano seguido de graves alterações da água do rio e assustadores dados de prejuízos em seus tanques.

No programa Sete e Meia desta sexta-feira, 3, Gilson e Lizania Tedesco, proprietários da Alpha Fish, explicaram sobre a velocidade da água, as quedas da Usina de Salto Santiago e como a saturação atual vem provocando a morte dos peixes. O normal do nível de saturação é de 70 e atualmente está em 145, enquanto a oxigenação é normal entre 6 e 7, mas no momento está em 13.

Lizania explicou que já foram 700 toneladas de peixes mortos removidos apenas nos tanques da empresa. “A gente ficou sem resposta no ano passado do que realmente aconteceu. Neste ano, em julho aconteceu novamente, numa proporção menor e a partir dia 10 de outubro de novo mortandade no lago e nos tanques da Alpha Fish. Faz parte como nosso dever cuidar, limpar e observar o lago. Somente dos peixes da Alpha Fish são 700 toneladas, mas do lago é muito mais, não tem nem como mensurar o dano ambiental”, disse.

De acordo com Gilson, esse histórico de peixes aparecendo mortos nos lagos da região acontece há muito tempo. “Isso vem acontecendo há mais de 50 anos, eles sabem disso. Fizemos uma reunião no primeiro semestre para solicitar que quando tivesse evento de abertura das comportas, que nos avisassem uma semana antes para retirar os peixes. Eles falaram que iriam comunicar, mas não fizeram nada. É um descaso total, eu vou procurar a justiça, já procurei o Ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, que vai estar aqui neste mês, já procurei o Governador Ratinho Júnior que me atendeu muito bem e colocou à disposição o presidente do IAT, Everton Souza que vai fazer uma diligência com técnicos. Nós estamos nos preparando com ações, que não serão poucas, nós iremos até o fim”, disse.

Lizania acredita que existem soluções para o problema. “Primeiro tem que ter a boa vontade da usina, da Engie, de aceitar, assumir o erro e colocar especialistas para entender a operação porque existem defletores que podem ser instalados para minimizar o impacto d’água ou outras tecnologias para alterar o modelo de saída dos vertedouros, isso eles que vão ter que nos responder. Não adianta falar que é um advento da natureza porque a chuva não mata peixe ou animais dessa forma”, destacou.

Gilson disse que toda a fauna está sendo afetada. “Quem vai ter que dar a resposta é a usina. Eles que vão ter que arrumar o vertedouro que causa a saturação, que é a pressão d’água ligada ao aumento de oxigênio. Esse prejuízo não é desta safra, é de duas ou três porque existem ciclos. Morreu um Pitbull, um biguá que mergulha para pegar o peixe, não um, mas vários, assim como suíno, boi, tatu, porco-espinho. Estamos falando de uma tragédia que ultrapassa os limites e a fauna foi prejudicada. Eu conclamo a sociedade para que nos apoie para que esses homens que estão a frente desta hidrelétrica, que são suíços, espanhóis e brasileiros, que nos ajudem a resolver porque não é um problema do Gilson, é algo que se arrasta há mais de 50 anos”, disse.

Os empresários contam com o apoio do deputado federal Paulo Litro, em Brasília e do deputado estadual Adão Litro, em Curitiba, para resolver o problema. “Estivemos em uma reunião com o Gilson e o seu filho, Robson, junto com o presidente do IAT – Instituto Água e Terra, Everton Souza, que nos garantiu que serão tomadas providências. Essa mortandade é um prejuízo incalculável para toda a sociedade”, disse Adão.

Fonte e foto: Rádio Educadora FM/Dois Vizinhos

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Julio Cesar Alves

Jornalista

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